quarta-feira, 19 de março de 2008

Páscoa na minha terra...


"O compasso já anda na rua! Vizinhos e amigos apressam-se a desejar as "Boas Festas" ao dono e ao pessoal das casas: Boas Festas alegres / Corporais e espirituais / Ressuscitou Nosso Senhor / Aleluia … Aleluia …Atapetam-se as ruas e os caminhos de palmas, espadanas e flores. E aquela amálgama de gente corre, de casa em casa, não esquecendo um vizinho, pobre ou rico, um amigo. É um reboliço! Há risadas e gritos, "trocas" de conversados. Beijos e abraços. Alguns mesmo, já não cabem na "sala grande" e espalham-se por outros compartimentos. A dona da casa aflita, já não sabe a quem atender, se ao rapazio que mexe em tudo, se aos amigos e familiares que, por tradição, ali vão beijar a Cruz. Quando chega o compasso é o Pároco que saúda todos os presentes dizendo: "Paz a esta casa e a todos os seus habitantes, Aleluia", enquanto asperge com água benta a "sala grande" onde, por hábito, está colocada a "mesa".
Depois, o mordomo dá a cruz a beijar ao dono que, depois de beijar a cruz, a dá a beijar aos presentes. O dono da casa ou a pessoa mais velha convida, então, o senhor Abade a sentar-se um bocadinho (que a caminhada é grande), oferecendo-lhe da "mesa" onde nada falta, desde o arroz doce até ao "sortido", passando pelo vinho da última colheita que graças a Deus, era de estalar … até ao vinho "fino", gerupiga ou algum licor conventual. Entretanto, o mordomo deixou a cruz a descansar em cima da cama do casal.
As pessoas abeiram-se, ordeiramente, da mesa e tudo come sem cerimónia, distinguindo, no entanto, o dono da casa, o pessoal do "compasso" a quem, depois, entrega o "folar" do senhor Abade (actualmente dinheiro num sobrescrito fechado) e outras esmolas para as Almas e o Senhor, não esquecendo, também, o folar do rapazio da campainha e da caldeira...
Por vezes, também, são oferecidos "raminhos" que estão espetados em laranjas ou maçãs e que os mordomos levam para a Igreja Paroquial... Em casas mais pobres os folares do senhor Abade e do Mordomo (açúcar, arroz e ovos e para o rapaz da campainha a laranja cortada com uma moeda branca), são colocados numa cómoda, junto ao crucifixo. Se no lar tiver falecido alguém durante o ano é costume o pároco rezar um responso por alma do defunto.
Ao meio dia, compete ao Mordomo da Cruz, e noutras terras, ao Juíz, oferecer o "jantar" da Mordomia, por norma, um jantar de "substância", que varia, também, de aldeia para aldeia e que vai desde, os entreténs de boca - com orelheira, toucinho, chouriças da matança, bolinhos de bacalhau, bacalhau frito, broa e azeitonas, a que se seguem os filetes de pescada de Viana, a vitela assada, o sarapatel de cabrito, o pica no chão, para terminar na sopa de cozido e no cozido à minhota.. À sobremesa não pode faltar o bate (pão de ló), o leite de creme queimado, o arroz doce, a aletria, os bolos brancos (de gema), os rosquilhos, os beijinhos de Páscoa, as amêndoas, os rebuçados da Paixão. O vinho é de pipa, fazendo gala o Mordomo que seja o melhor da adega." in Região de Turismo do Alto Minho

quarta-feira, 12 de março de 2008

Juromenha



As pedras estão lá,
Firmes ao longo dos séculos
Roídas e gastas
Esperam dias, anos
que os passos as afaguem…
Têm histórias terríveis para contar
Elas são a História!
Lutas, vitórias e reveses
Que contam e que viveram.
As pedras estão lá
Velhas, à espera de dias novos
Espelham-se na água, altivas
A seus pés a planura é larga
O céu desce sobre a pedra
E o azul envolve a muralha enorme
As pedras renascem no meio das águas
dum sono profundo e sem fim!
Texto e fotos de Laura

domingo, 2 de março de 2008

Caminhos...




São tantos os caminhos, tão diferentes!
Aprendi os atalhos e as veredas,
Subindo colinas ou montanhas.
Desci aos vales luminosos
E respirei o perfume matinal!
No ar senti o sol caloroso
E pisei o chão duro e desigual…
Caminhei quase sem fôlego,
Subi, desci ...
e os meus passos não se detiveram.
Pelos atalhos com tapetes verdes, verdes,
as carpetes de flores a meus pés
abençoaram o meu caminho pedregoso!
Ao longe vi o mar tão imenso,
onde meus olhos se perderam,
E o céu ali foi todo meu!
Se eu fosse construtora de caminhos
Fazia-os assim, tão variados,
Como estes que a vida já me ofereceu!
O meu coração, sem cansaço,
Em todos bateu forte e corajoso
Por eles avançou … sobreviveu!

Fotos e texto de Laura