terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Um Ciclista...

"... O meu pai dizia-me:
- A vida é uma corrida, meu filho. Quem olha para trás enquanto corre arrisca-se a tropeçar.
Eu não olho para trás. Avanço por vezes de olhos fechados, e tropeço, como os outros, e eventualmente caio, mas não olho para trás. Nunca fui pessoa de cultivar saudades. Não colecciono álbuns de fotografias, e jamais guardei pétalas secas entre as páginas de velhos livros. Sigo sempre em frente. Quando me perguntam para onde vou encolho os ombros. Rio-me:
- Adiante.
O mundo é infinito para quem viaja a pé. Eu viajo a pé, à boleia de algum camião, ou de bicicleta. Andando de 
camião, ou de bicicleta, o mundo parece um pouquinho menor, mas ainda assim, digo-lhe, meu bom amigo, é 
uma imensidão..."
José Eduardo Agualusa in «Passageiros em Trânsito»

 

domingo, 18 de janeiro de 2009

Poema do amigo aprendiz

Quero ser o teu amigo.

Nem demais e nem de menos.

Nem tão longe e nem tão perto.

Na medida mais precisa que eu puder.

Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida, 


Da maneira mais discreta que eu souber.

Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.

Sem forçar tua vontade.

Sem falar, quando for hora de calar. 


E sem calar, quando for hora de falar. 


Nem ausente, nem presente por demais. 


Simplesmente, calmamente, ser-te paz.

É bonito ser amigo, mas confesso é tão difícil aprender!

E por isso eu te suplico paciência. 


Vou encher este teu rosto de lembranças,

Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias...

Fernando Pessoa

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Há momentos...


Há momentos sentidos, indiscretos,

Em que a alma salta pelos olhos.

Queremos disfarçar , muito sem jeito,

Mas transborda de nós o sentimento

e mesmo contrafeitos,

o carrocel das emoções se descontrola!

Há palavras que não sabemos dizer,

A garganta aperta qualquer som

Mas os olhos , esses deixam ver

Tudo o que queremos disfarçar!

Um vendaval vem à mente, incessante,

 Os bons, os maus momentos,

os triste e alegres...

Acordos, cumplicidades,

Teimosias, contrariedades...

De tudo  se faz a Vida , ou mais Vidas!

Os dias e os anos partilhados,

Sentimos bem o seu valor!

E mesmo feitos de nãos e de porquês,

Podes crer que nos unem tantos laços

Que é difícil agora apartá-los.

Na nossa mente desejamos que seja fácil

Mas o coração só quer é apertá-los.

E é assim nesta era global,

Que quando chega o momento da saudade,

Tudo é tão longe e sentido , afinal!


A pensar no Carlos e na Cláudia a caminho de Moçambique!