terça-feira, 16 de outubro de 2007

ADRIANO


Não era só a voz o som a oitava

que ele queria sempre mais acima

nem sequer a palavra que nos dava

restituída ao tom de cada rima.


Era a tristeza dentro da alegria

era um fundo de festa na amargura

e a quase insuportável nostalgia

que trazia por dentro da ternura.


O corpo grande e a alma de menino

trazia no olhar aquele assombro

de quem queria caber e não cabia.


Os pés fora do berço e do destino

alguém o viu partir de viola ao ombro.

Era Outubro em Avintes. E chovia.

(poema de Manuel Alegre)


6 comentários:

Jelicopedres disse...

25 anos depois do seu desaparecimento, apetece dizer,
- pergunto ao vento que passa, notícias, do meu país...

lami disse...

"...e o vento nada me diz"
Precisamos sempre de "vozes" que nos "digam" com alma e de uma forma límpida notícias "nossas". Que nos façam ver ao espelho! :))

Anônimo disse...

Já ouvi falar desse nome ele era cantor ou poeta, um beijo.

Carolina disse...

Bela voz!
Belo poema!

O céu da Céu disse...

Vale a pena ter uns aninhos e poder dizer que vivi,ouvi,conheci e vibrei com as canções /poemas de Adriano.

silvana srs disse...

E no meu caso aprendi a gostar e a respeitar as chamadas canções ou fados de intervenção pela voz deste grande Senhor,que partiu demasiado cedo..." mesmo na noite mais triste,em tempos de servidão,há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não...." Manuel Alegre.Obgada lami
silvana