quarta-feira, 3 de junho de 2009

Vamos dar um frigorífico à Marieta!


Publico uma carta da Cláudia Faria porque também conheço a Marieta e sei que esta ajuda será preciosa para ela. Pode ser que  o frigorifico dentro em breve seja uma realidade na modesta casa dela. Depois darei notícias sobre o resultado desta campanha.

Obrigada

“Meus amigos,

Gostava que conhecessem a dona Marieta, a minha empregada. Tem 49 anos, três filhas, um filho e oito netos. A filha mais nova fez agora 7 anos, a mais velha tem 30.

A dona Marieta é um bocado trapalhona com as limpezas e muito orgulhosa - se acha que está a ser injustiçada é impossível fazê-la calar. É uma das coisas que mais gosto nela. Por duas razões: primeiro, porque eu também sou assim, segundo porque é preciso ter coragem para se ser orgulhoso num país como Moçambique. A pobreza é tanta que comprometer o emprego para responder a uma injustiça é um risco que poucas pessoas estão dispostas a correr. A maioria aceita desaforos e até maus tratos para conseguir levar umas migalhas para casa no fim do mês. A dona Marieta não é assim. Pode ser pobre, mas nunca vendeu a dignidade.

Eu, como a maioria de vocês sabe, não sou nenhuma Madre Teresa de Calcutá. Mas, depois de algum tempo a viver num dos países mais pobres do mundo, já não consigo fazer certo tipo de piadas nem achar normal comer bife ao almoço e peixe ao jantar quando a maioria das pessoas à minha volta só come farinha uma vez por dia.

É óbvio que há muitas Marietas no mundo. Mas esta é a Marieta que eu conheço. E esta é a Marieta que eu posso e quero ajudar. Só assim será possível que a família dela ultrapasse a barreira da luta pela sobrevivência diária e possa sonhar com um futuro melhor.

De facto, com uma pequena ajuda minha (e do Carlos, claro) a vida da Marieta tem melhorado aos poucos. Na segunda-feira, uma das filhas dela foi finalmente pagar o que faltava para que a EDM (Electricidade de Moçambique) ligasse os fios da electricidade lá em casa. Esta semana, como é óbvio, o único assunto da Marieta é a “luiz”! Anda tão encantada que não consegue desfazer o sorriso.

Para nós, europeus, esta euforia pode ser difícil de entender. Mas para quem esperou quase 50 anos para ter electricidade em casa, esta reacção até é bastante contida.

E chego aqui à razão pela qual decidi falar-vos da “minha” Marieta. Ter luz em casa foi mais uma barreira que ela ultrapassou com sacrifício ao fim de muitos anos de luta. Mas será que vai conseguir lutar mais 10 ou 20 anos até atingir a próxima meta – juntar dinheiro para comprar um frigorífico?

Um frigorífico em Moçambique é um passaporte para uma vida melhor: além de conservar os alimentos (a filha mais nova e os netos da Marieta poderiam passar, por exemplo, a beber leite e a comer iogurtes com mais frequência, coisa que até hoje poucas vezes fizeram) é mais uma forma de aumentar o orçamento mensal da família através da venda de gelo e de água fresca no bairro e do aluguer de prateleiras às vizinhas que precisem de guardar alguma coisa no frio.

A Marieta acorda todos os dias às 5h para apanhar dois transportes (chapas) e estar em minha casa às 7h em ponto, a tempo de fazer o pequeno-almoço. Vive perto da lixeira de Maputo numa casa de tijolo artesanal e telhado de zinco com apenas uma divisão onde dormem seis pessoas – ela, o marido, duas filhas e dois netos de quem toma conta. Não tem casa-de-banho, nem água, nem gás.

Um frigorífico faria toda a diferença na vida dela: a filha mais nova e os netos poderiam variar a alimentação comendo mais fruta, legumes, lacticínios. Tornar-se-ia mais fácil juntar dinheiro para comprar telhas e cimento, mudar o telhado da casa, construir uma latrina, comprar um fogão a gás em vez de cozinhar todos os dias num fogareiro a carvão vegetal. O comércio deste tipo de combustível é responsável pela maior área desflorestada do planeta. Isto sente-se sobretudo em África, mas afecta, como é óbvio, o planeta inteiro e cada um de nós. Parece-me fácil concluir que a pobreza não é apenas um problema das Marietas deste mundo: é um problema que nos afecta a todos de uma maneira ou de outra e que também somos responsáveis por combater.

Em baixo deixo o NIB de uma conta antiga do Carlos no BES. Decidi reabilitá-la para juntar dinheiro para comprar o frigorífico da Marieta. A quem quiser contribuir agradeço do fundo do coração. A todos os que não puderem, peço que passem a palavra.

 NIB: 0007.0054.00023520018.66

 Obrigada a todos!

 Um grande beijinho,

 Cláudia"

 

 

6 comentários:

O céu da Céu disse...

Que ternura!
Ninguém pode ficar indiferente.
Vou ajudar. Depois falo contigo,Lami. Um bj e bem haja pelos filhos lindos que tens.

Anônimo disse...

Gostei imenso desta tua acção os teus filhos são queridos, adorei faz bem ajudar os que precisam nunca se sabe se nos pode acontecer coisas assim, um beijinho.

lami disse...

Obrigada amigas pelas vossas palavras e pela vossa generosidade.
Eu penso que ajudar no que pudermos faz bem à alma e a verdade é que "grão a grão ... " lá chegaremos:))

Sentidamente disse...

Como a vida pode ter tanto mais encanto, quando sabemos olhar à nossa volta e “ver” aquilo em que importa atentar.
Também a quero felicitar pelos filhos que tem.
Tomei nota do NIB e vou fazer o meu donativo por transferência bancária.

Carolina disse...

É bom ser solidário!
Vamos ajudar?

Anônimo disse...

Á muito que não passava por aqui amiga Laura, Mas fique maravilhada por onde a amiga andou a pessear !!!
Tudo muito bonito, mas uma grande bem de caridade, que fizes-tes e os teus filhos foi lindo bem ajam, muitos beijinhos para vocês.