O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...
Alberto Caeiro ”O Guardador de Rebanhos”
5 comentários:
Linda texto gostei muito, um grande beijo.
Já conhecia, mas lendo agora com os teus OLHOS, entendi melhor!
Obrigada, Laurita!
Provávelmente por isso se diz, muitas vezes que:
"O amor é cego"...
"Sei ter o pasmo essencial que tem uma criança..."
Assim cada dia vejo algo de novo... o segredo está no olhar...e no coração!
Querida Laura, gostei muito de ler este texto, continua a escrever e a ver algo todos os dias !!!
E dizes muito bem, o segredo está no olhar, e no coração.
Um grande abraço :)))
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