sábado, 26 de janeiro de 2008

O MEU OLHAR


O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...
Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo. Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...
O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...
Alberto Caeiro ”O Guardador de Rebanhos”

5 comentários:

Anônimo disse...

Linda texto gostei muito, um grande beijo.

Carolina disse...

Já conhecia, mas lendo agora com os teus OLHOS, entendi melhor!
Obrigada, Laurita!

Jelicopedres disse...

Provávelmente por isso se diz, muitas vezes que:
"O amor é cego"...

lami disse...

"Sei ter o pasmo essencial que tem uma criança..."
Assim cada dia vejo algo de novo... o segredo está no olhar...e no coração!

Anônimo disse...

Querida Laura, gostei muito de ler este texto, continua a escrever e a ver algo todos os dias !!!
E dizes muito bem, o segredo está no olhar, e no coração.
Um grande abraço :)))